6 de nov. de 2010

Bem de boa

Pra variar, me, myself and I estávamos esfriando a cuca na Beira-Mar. Sentada num treco lá de alongamento, observava poucos seres ao redor. Processava a vida com meus botões quando um homem se levantou de onde também estava sentado. Fico desconfiada com qualquer movimento, então prestei atenção. O cara andou em direção à ciclovia.

Do nada, parou por um instante. Deu uns passos pra trás. Ajoelhou-se. Pensei que fosse rezar ou tivesse encontrado uma moeda. Mais provável a moeda. Sortudo. Demorou. Estranho. Nada de se levantar ainda. Tanta cautela pra pegar uma moeda! Fitei-o atentamente. Meus olhos se encheram de lágrimas e um arrepio percorreu o corpo da cabeça aos pés. Não. Não era uma moeda. Era um grilo. Aquele homem com seus vinte e tantos anos voltou o trajeto e parou tudo pra tirar um grilo do caminho! Cuidadosamente, pegou o bicho e o colocou no gramado.

Nós, pessoas, temos tanto medo umas das outras que não percebemos essas pequenas atitudes. Nós não nos percebemos. O que nos deixa ainda mais amedrontados. Estamos nesse ciclo vicioso. Ficamos cegos, sem vontade nem coragem pra conhecer a vida com experiências próprias. Enxergamos apenas o que a mídia nos mostra: assaltos, assassinatos, estupros. O mundo parece feito disso. Mas e as coisas boas? E as PESSOAS BOAS? Garanto serem em bem maior quantidade do que as más.